
(Crédito da foto: Roberto Valverde /Rio News)
(Crédito da foto: Roberto Valverde /Rio News)
14-Coisas do mundo... |
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Por ser um tema com fontes de registro escassas, os relatos se apresentam organizados em fragmentos, com entrevistas, músicas inéditas e imagens. Entre as personalidades destacadas estão Adoniran Barbosa, Geraldo Filme, Oswaldinho da Cuíca (foto), Henricão, Fernando Penteado, Carlão do Peruche, e Seu Nenê de Vila Matilde.
O primeiro episódio (29/1) resgata as raízes do samba e suas manifestações, como o Samba de Bumbo e do Batuque de Umbigada; a vinda do negro para a capital, sua ocupação marginalizada no espaço urbano, o trabalho, as tradições, e o papel das tias quituteiras como resistência ao samba. Além disso, o filme ressalta a repressão sofrida, os espaços de resistência e a história da Festa do Bom Jesus de Pirapora e da Fundação do Grupo Barra Funda, um dos pioneiros do carnaval paulistano.
No segundo episódio (5/2), cujo mote é escola de samba, mostra a rivalidade que existia entre o Cordão Camisa Verde e Branco e Cordão Vae-Vae, hoje denominada Vai-Vai; relata a história das duas escolas mais antigas de São Paulo, a Lavapés, de 1937, que atualmente está no terceiro grupo, e a Nenê de Vila Matilde, de 1949; fala da hegemonia do padrão carioca; faz uma reflexão sobre o carnaval do passado e o atual, e mostra um dia de preparativos do fundador da Unidos do Peruche para o desfile no Sambódromo.
O último episódio (12/2) traz, dentre outros, os engraxates da Sé, as rodas de tiririca, os ícones do samba e o movimento de pagode no Rádio. Em referência à profissão sambista, faz uma homenagem aos grandes compositores da cidade, às casas de samba São Paulo Chic, Oba-Oba e Jogral, e conta as histórias dos boêmios da noite. Para fechar, apresenta um painel dos novos movimentos do samba paulista, o trabalho de pesquisa, militância e resistência.
Os documentários foram elaborados por alunos da Universidade de São Paulo (USP), com a contribuição do antropólogo Marcelo Manzatti, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC), e da professora Olga Von Simson, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), além da Cinemateca Brasileira e TV Cultura, que cederam seus acervos.
Serviço
Samba à Paulista – fragmentos de uma história esquecida
TV Cultura - Dias 29/1, 5 e 12/2, sempre às 22h40
Mestra nos temas deste blog: samba e política, Beth Carvalho concedeu entrevista ao Jornal da Tarde, publicada nesta segunda-feira, 28. A “madrinha” criticou “alguns” dirigentes que estão transformando as escolas de samba em “empresas” e as distanciando das comunidades. “Isso é reflexo do país, da globalização, de governos Fernando Henrique [Cardoso] da vida”, analisou.
Beth afirmou que a diretoria da Mangueira lhe deve desculpas por tê-la expulsado de um dos carros alegóricos da escola no carnaval de 2007, mas é Estação Primeira “até morrer” e só vai desfilar este ano pela Viradouro “porque ficou irresistível”. Não fosse para sair em um carro que homenageia Cartola “não sairia, jamais”, disse. “Vou sair de verde e rosa, não com as cores da Viradouro. É uma homenagem a mim que estão fazendo.”
Comunista, a “madrinha” também falou sobre seu apoio a Lula e Hugo Chávez, “é questão de justiça, sei o que ele faz na Venezuela, como é bom presidente”, e disse que os Estados Unidos são responsáveis pela pobreza na América Latina.
Beth se recusou a falar sobre a polêmica por ter acusado Clara Nunes de tê-la plagiado em declaração ao livro Clara Nunes, Guerreira da Utopia, de Vagner Fernandes. “Esse assunto está morto.” Confira abaixo os principais trechos da entrevista:
Zeca Pagodinho
O Zeca era um cara magrinho, com sacola de supermercado com o cavaquinho dentro. Neguinho nem queria que ele cantasse. E eu disse: “Peraí, esse cara aí é bom, deixa ele cantar aí”.
Samba
Muda porque a vida muda. É revolucionário, é vanguarda porque é crônica do dia-a-dia. Se você não quiser ler o jornal, acompanhe o samba que ele vai dizer o que está acontecendo agora.
Carnaval
Escola de samba é uma instituição cultural. Essa mentalidade de empresa é que está dando confusão. Alguns dirigentes estão descaracterizando as escolas de samba (...) Tem que mudar de pensamento. Instituição tem que ser bem cuidada,cuidar das pessoas que a vida inteira se deram por ela. Há muito tempo não é assim, isso é muito ruim porque daqui a pouco o povo vira as costas. Cada vez menos tem povo na avenida, na arquibancada, na escola (...) Ninguém tem dinheiro para comprar fantasia. Está muito caro porque [a escola] virou empresa.
Celebridades
Acho que [as escolas de samba começaram a pensar como empresas] começou com os eventos de televisão, novela, Big Brother e não sei o quê... Isso é reflexo do país, da globalização, de governos Fernando Henrique [Cardoso] (...) Essa coisa de celebridade está em todos os setores. Todo mundo vira celebridade em cinco minutos.
Governos e o samba
O presidente Lula vai dar verba para as escolas de samba e o ministro [da Cultura] Gilberto Gil tombou o samba do Rio de Janeiro e o samba de roda da Bahia. Fernando Henrique não queria saber disso. Queria saber de Sorbonne.
Chávez
Não é questão de simpatia, é questão de justiça. Sei o que ele faz na Venezuela, como é bom presidente, eu vi (...) Na Venezuela tudo melhorou, também com a solidariedade de Cuba. Aliás, a pobreza de Cuba é culpa dos Estados Unidos. Responsabilizo [os EUA pela pobreza] em toda América Latina. Americanos estão em tudo. São capazes de derrubar o próprio prédio deles para justificar a guerra [no Iraque].
Lula
Lula entende bem o povo brasileiro. Já é uma grande coisa. Tem a mesma linguagem do povo.
Viradouro
Só estou saindo porque ficou irresistível, a homenagem, o samba... Vou sair de verde e rosa, não com as cores da Viradouro. É uma homenagem a mim que estão fazendo.
Mangueira
Essa diretoria da mangueira me deve desculpa. O que fizeram foi muito grave. Já estava armado de fazerem aquilo comigo, só não esperavam que a TVE filmasse. Aí o mundo inteiro viu. Essa diretoria me deve desculpas. Se vão fazer? Não acredito muito, não.
Amor eterno
Nunca deixei de ser Mangueira, sou Mangueira até morrer. A Mangueira é maior que tudo isso. É uma instituição e faço parte. Contribui um pouquinho pra ela.
Já com Zeca Pagodinho, Arlindo fez Se eu encontrar com ela, um samba de quadra, gravado com a participação das velhas-guardas da Portela e do Império Serrano, as duas "vizinhas" de Madureira, além do próprio Zeca. Aliás, ainda estou para ver uma composição ruim do Zeca. Quando ele deixa a preguiça e os compromissos publicitários de lado e pega a caneta, sempre sai coisa boa. Se eu encontrar com ela é simples, como deve ser o bom samba.
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